Pesquisadores chineses identificam molécula no bambu que influencia comportamento alimentar dos pandas gigantes, ajudando-os a se adaptar à dieta herbívora
Este conteúdo foi originalmente publicado em Por que pandas comem bambu mesmo tendo “intestinos carnívoros”? Entenda no site CNN Brasil. Tecnologia, -traducao-ia-, China, pandas gigantes, Pesquisa científica CNN Brasil
Os pandas são famosos por amarem bambu, mas os mamíferos fofos, na verdade, têm sistemas digestivos típicos de animais que seguem uma dieta à base de carne — e cientistas chineses agora acreditam saber o porquê.
Pesquisadores dizem que se empanturrar com a planta alta e de crescimento rápido pode influenciar o comportamento desses carnívoros disfarçados e regular seu sentido de olfato e paladar.
Nativos do sudoeste da China, os pandas passam até 16 horas por dia devorando bambu, absorvendo um material genético chamado microRNA (miRNA) em sua corrente sanguínea, de acordo com pesquisa publicada sexta-feira (28) na revista Frontiers.
A molécula pode influenciar como a informação genética é transferida através dos corpos dos pandas, moldando a forma como eles agem, segundo a pesquisa liderada pela Universidade Normal do Oeste da China na província de Sichuan.
O miRNA desempenha “um papel na regulação da expressão gênica dos pandas gigantes”, diz Li Feng, um dos autores seniores da universidade, em um comunicado. Li e seus colegas descobriram que a molécula pode moldar processos fisiológicos nos corpos dos pandas, incluindo crescimento, ritmos biológicos, comportamento e respostas imunes.
“O miRNA no bambu também está envolvido na regulação das vias do olfato, paladar e dopamina dos pandas gigantes, todas relacionadas aos seus hábitos alimentares”, afirma.
Os pesquisadores acreditam que quando um filhote de panda cresce, ele desenvolve a capacidade de escolher o bambu mais fresco e nutritivo, o que os permite se adaptar a uma dieta à base de plantas.
O estudo foi baseado em amostras de sangue de seis pandas adultos e um juvenil. Entre essas amostras, os cientistas detectaram 57 traços de miRNAs provavelmente derivados do bambu. Eles esperam que a descoberta possa ajudar cientistas a entender melhor o efeito do miRNA vegetal em animais, potencialmente abrindo caminho para o tratamento ou prevenção de doenças, segundo o estudo.
Embora a dieta do panda consista quase inteiramente de folhas, caules e brotos de bambu, cerca de 1% de sua alimentação vem de outras plantas — e até mesmo carne, como pequenos roedores, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Cerca de 1.800 pandas vivem na natureza, vagando por cadeias montanhosas nas províncias chinesas de Sichuan, Shaanxi e Gansu, diz o WWF. A perda e fragmentação do habitat representam as maiores ameaças aos pandas selvagens, enquanto seu desejo morno de se reproduzir tem tornado sua preservação um desafio. Quando as mães finalmente dão à luz, os pandas recém-nascidos são extremamente frágeis.
A China aumentou drasticamente os esforços para salvar os ursos nas últimas décadas, aumentando o número de reservas de pandas de 12 para 67.
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